As “receitas ingeríveis”
do Dr. Bezerra de Menezes: uma prova de fé e do efeito placebo
Dr. Bezerra de Menezes, o renomado "Médico dos
Pobres" e figura central do espiritismo brasileiro, era conhecido por sua
abordagem humanitária e, muitas vezes, inusitada da Medicina.
Entre suas práticas mais singulares, há relatos de que ele
sugeria aos pacientes pobres – que não podiam comprar medicamentos - um método
peculiar para auxiliar na cura: cortar a receita médica em vários pedacinhos e
ingeri-los. Essa atitude, que à primeira vista pode parecer excêntrica, revela grane
compreensão do efeito placebo.
Para Bezerra, a fé e
a confiança do paciente no tratamento eram cruciais para a recuperação. Ao
"receitar" a ingestão da própria prescrição, ele não estava propondo
uma cura farmacológica por meio do papel, mas ativando um mecanismo psicológico
poderoso. Acreditar que algo, mesmo que simbólico, está sendo feito para
melhorar a saúde, estimula o nosso corpo a reagir positivamente.
O efeito placebo já é cientificamente reconhecido, onde a
crença do indivíduo em um tratamento provoca melhorias reais em sua condição.
Essa resposta é mediada por complexos processos neurobiológicos, envolvendo a
liberação de neurotransmissores e a ativação de vias de recompensa no cérebro.
Sua sugestão de ingerir a receita era um ato de cuidado
holístico, que ia além da mera prescrição de medicamentos. Era uma forma de
envolver o paciente ativamente no processo de cura, empoderando-o com a
sensação de estar fazendo algo concreto por sua saúde. Era um lembrete de que a
mente e a crença têm um papel significativo no bem-estar físico.
Assim, a história da receita "ingerível" do Dr.
Bezerra de Menezes não é piada; é testemunho de sua sabedoria e compaixão. Mesmo
sem o arcabouço científico atual, ele já reconhecia e utilizava o poder da
mente e da fé para auxiliar seus pacientes em busca da cura.
Sua prática, nada convencional, ressoa com os princípios
atuais que valorizam a relação médico-paciente e o impacto das expectativas no
processo de recuperação.
Ana Echevenguá. Terapeuta Positiva.
Comentários
Postar um comentário