Para Bert Hellinger – em seus estudos sobre Constelações
Familiares - o suicídio é mais do que um ato individual de desespero; é um
movimento ligado a uma dinâmica maior e muitas vezes inconsciente dentro do
sistema familiar. Para ele, quem tenta ou comete suicídio pode estar, sem
saber, seguindo uma "lei oculta do seu sistema”, impulsionado por lealdade
profunda a seus ancestrais ou a membros da família que foram excluídos,
esquecidos ou que sofreram um destino trágico.
Segundo Hellinger, o suicida não está agindo por conta
própria. Ele pode estar:
- identificado
com a dor de um ancestral que tenha cometido suicídio, ou que
morreu de forma trágica. A pessoa sente a dor do outro como se fosse a
sua, e o desejo de morrer é, na verdade, uma lealdade a esse destino;
- "seguindo"
alguém na morte, que é uma das dinâmicas mais fortes nas Constelações.
A pessoa pode sentir a necessidade inconsciente de ir para junto de um familiar
que já se foi, para restabelecer a ordem ou a proximidade de forma
radical;
- tentando
resolver um conflito maior: às vezes, o suicídio é visto como uma
tentativa desesperada de "quebrar" um padrão ou de mostrar uma
dor que o sistema familiar não consegue ver ou admitir.
O objetivo da Constelação Familiar é permitir que o
constelado veja as ligações invisíveis que a prendem a esse destino. E, desta
forma, perceber que a vida que ela vive não é apenas dela, mas é um presente
dos pais e de toda a sua ancestralidade.
O trabalho de Hellinger sugere que, ao reconhecer e honrar nossos
ancestrais, podemos nos libertar dessa lealdade inconsciente e nos voltarmos
para a vida. A frase "Sim à vida como ela é" é muito
importante nesse processo; e busca
trazer o indivíduo de volta ao seu lugar de responsabilidade e de liberdade.
A filosofia de Hellinger oferece uma ferramenta complementar
para a solução do problema; mas não dispensa a intervenção profissional em
casos de ideação ou risco de suicídio.
Ana Echevenguá. Terapeuta Positiva.
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